Esta postagem é para você, no desespero da dor.
Cuidado com o uso de opiáceos (oxicodona, hidrocodona, morfina ou fentanil e derivados) muitas vezes combinados a outras drogas de modulação da dor como anti-depressivos.
Minhas reflexões e sugestões para os que estão em situação similar de dor vão adiante, nesta e em postagens seguintes, não deixe de ler e salve vidas. Vamos auxiliar estas pessoas desesperadas que se atiram em clínicas da dor, recebem associações de remédios perigosos e tratamentos alternativos sem chegar ao cerne da questão – tratar corretamente a dor, os reumatismos inflamatórios sistêmicos e as doenças autoimunes com base nos conhecimentos científicos sérios.
“As redes sociais tornaram a informação mais acessível aos pacientes portadores de reumatismos e doenças da autoimunidade, aproximando pessoas para troca de informações. Estas também trazem más notícias, como quando perdemos amigos de luta contra a mesma doença que temos, no meu caso a Espondilite Anquilosante.”
“Entre o final de 2017 e início de 2019 somaram-se os casos em que pacientes em tratamento para a minha doença foram a óbito por motivos medicamentosos. Ou seja, complicações advindas do uso, prescrito ou não, de medicamentos sobrepostos, ou em quantidades maiores do que as recomendadas. .
Tudo motivado em primeira análise por desespero ou pânico frente às crises de dor que não cedem. A Carmen foi uma que perdemos para as complicações da espondilite e foi uma morte muito rápida.
👉📝Relato👇
“Ela tinha 27 anos, era estudante de Biomedicina, diagnosticada com espondilite em 2017, mas sofria de dores sem diagnóstico desde 2013. Estava em tratamento com infliximabe, metotrexate, morfina endovenosa e antidepressivos, pois as dores eram muito severas, insuportáveis. Ia todos os dias na emergência do hospital tentar alívio com analgesia, o pé entortava, ela não conseguia caminhar.
A mãe era enfermeira no hospital, então tinha facilidade no atendimento. Com um ano de uso deste coquetel de remédios sentiu sintomas de gripe e dor na garganta, piorou, foi para o hospital, baixou em UTI, fez SARA (nota minha – SARA se refere a uma síndrome de insuficiência respiratória aguda) por conta de uma hepatite medicamentosa e em 15 dias de hospital saiu sem vida em novembro de 2017. Claro que o metotrexate e o infliximabe podem ter contribuído para a hepatite, mas até onde o excesso de opióides também ajudou?”
O Brasil com mais de 200 milhões de habitantes pode estar com números também elevados, mas que não aparecem claramente nos atestados de óbito. Nosso país, é sabido, tem falhas gritantes na parte estatística, ainda mais nas questões de saúde.
E por que é tão fácil chegar-se a uma overdose de opiáceos? Pelo fenômeno dito “taquifilaxia”, ou seja, o termo significa que para um mesmo efeito analgésico as doses devem ser cada vez maiores da droga.
Em linguajar leigo, o corpo “vai se acostumando” a cada novo patamar de dose, e mais remédio é necessário, em menores intervalos de tempo, para obter-se o efeito inicial em doses pequenas. E então vem o para-efeito letal, a pessoa simplesmente pára de respirar.
A epidemia de overdose e mortes por opiáceos é real, você poderá ser a próxima vítima. Converse com seu médico sobre alternativas aos opiáceos, encontre um médico em quem confiar.
No caso de doenças reumáticas e autoimunes seu especialista deve ser o reumatologista; troque de médicos se necessário. Não entre em pânico com a dor, evite a automedicação e procure auxílio imediato; aumentar a dose de seus opiáceos por conta própria é um convite ao suicídio indesejado.