Suicídio, violência autodirigida

22 de janeiro de 2024

O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento – físico ou emocional – fica mais intenso e viver torna-se um fardo pesado e angustiante. Sua dor parece incomunicável; por mais que você tente expressar a tristeza que sente, ninguém parece escutá-lo ou compreendê-lo. A vida perde o sentido. O mundo ao seu redor fica insosso. Você sonha com a possibilidade de fechar os olhos e acordar num mundo totalmente diferente, no qual suas necessidades sejam saciadas e você se sinta outra (o). Será que a morte é o passaporte para essa nova vida?

Atire a primeira pedra quem nunca pensou em morrer para escapar de uma sensação de dor ou de impotência extremas. Parece comum ao ser humano experimentar, pelo menos uma vez na vida, um momento de profundo desespero e de grande falta de esperança.

Os adjetivos são mesmo esses: extremo, insuportável, profundo. Mas, aos poucos, os seus sentimentos e idéias se reorganizam. Suas experiências cotidianas passam a fazer sentido novamente, e você consegue restabelecer a confiança em si mesmo. Você descobre uma saída, procura apoio, encontra compreensão. Aquele desejo autodestrutivo, aquela vontade de resolver todos os problemas num golpe só, se dilui. E você segue adiante. Muitos, no entanto, não conseguem encontrar uma alternativa. O suicídio, para esses, parece ser a última cartada, o xeque-mate contra o sofrimento, um gran finale para uma vida aparentemente sem sentido, para um presente pesado demais ou para um futuro por demais amedrontador. E eles se matam.

Imperscrutável, no limite, o suicídio não tem explicações objetivas. Agride, estarrece, silencia. Continua sendo tabu, motivo de vergonha ou de condenação, sinônimo de loucura, assunto proibido na conversa com filhos, pais, amigos e até mesmo com o terapeuta. Mas as estatísticas mostram que o suicídio precisa, sim, ser discutido. Trata-se, além de uma expressão inequívoca de sofrimento individual, de um sério problema de saúde pública. Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 815 mil pessoas se mataram no ano 2000 em todo o mundo – uma taxa de 14,5 para cada 100 mil habitantes. Isso significa um suicídio a cada 40 segundos. A “violência autodirigida”, como o suicídio é classificado pela OMS, é hoje a 14ª causa de morte no mundo inteiro. E a terceira entre pessoas de 15 a 44 anos, de ambos os sexos.  Busque ajuda nos grupos de apoio que nós disponibilizamos aqui.

Aqui alguns equívocos comuns sobre o suicídio:

► “As pessoas que falam sobre suicídio não vão realmente fazê-lo.”
NÃO É VERDADE. Quase todo mundo que comete ou tenta suicídio deu alguma pista ou aviso. Não ignore as ameaças de suicídio. Não importa o quão casualmente ou brincando disse, declarações como “você vai se arrepender quando estou morto” ou “eu não posso ver qualquer saída” pode indicar sentimentos suicidas graves.

► “Qualquer um que tente se matar deve ser louco.”
NÃO É VERDADE. A maioria das pessoas suicidas não são psicóticas ou insanas. Eles podem estar chateados, aflitos, deprimidos ou desesperados, mas angústia extrema e dor emocional não são necessariamente sinais de doença mental.

► “Se uma pessoa está determinada a matar-se, nada vai impedi-la.”
NÃO É VERDADE. Mesmo a pessoa mais severamente deprimida tem sentimentos mistos sobre a morte, vacilando até o último momento entre querer viver e querer morrer. A maioria das pessoas suicidas não quer a morte; Eles querem que a dor pare. O impulso para acabar com tudo, por mais avassalador que seja, não dura para sempre.

► “As pessoas que se suicidam são pessoas que não estavam dispostas a procurar ajuda”.
NÃO É VERDADE. Estudos de vítimas de suicídio mostraram que mais de metade tinham procurado ajuda médica dentro de seis meses antes de suas mortes.

► “Falar sobre suicídio pode dar a ideia a alguém.”
NÃO É VERDADE: Você não dá a uma pessoa suicida ideias mórbidas falando sobre suicídio. O oposto é verdadeiro; Expondo o tema do suicídio e discuti-lo abertamente é uma das coisas mais úteis que você pode fazer.

Fonte: Associação Americana de Suicidologia

Posted in Blog by Administradora - Nilde Soares

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