Quando os amantes se tocam, sua respiração e batimentos cardíacos sincronizam enquanto a dor diminui.
Essa é uma conclusão de um estudo divulgado na semana passada que descobriu que quando um parceiro empático segura a mão do outro que esta com dor, o coração e as taxas respiratórias se sincronizam e a dor se dissipa.
“Quanto mais empático o parceiro mais forte é o efeito analgésico, maior a sincronização entre os dois quando eles estão se tocando”, disse o principal autor Pavel Goldstein, pesquisador pós-doutoral em dor no Laboratório de Neurociência Cognitiva e Afetiva na CU Boulder.
Foi realizado este estudo de 22 casais, publicado na revista Scientific Reports , é o mais recente de um crescente corpo de pesquisas sobre “sincronização interpessoal”, o fenômeno no qual os indivíduos começam a se espelhar fisiologicamente as pessoas com quem estão.
Os cientistas há muito sabem que as pessoas inconscientemente sincronizam seus passos com a pessoa com quem estão caminhando ou ajustam sua postura para espelhar a de um amigo durante uma conversa. Estudos recentes também mostram que quando as pessoas assistem a um filme romântico ou cantam juntas, seus batimentos cardíacos e ritmos respiratórios se sincronizam.
Quando líderes e seguidores têm um bom relacionamento, suas ondas cerebrais caem em um padrão similar. E quando casais românticos estão simplesmente na presença um do outro, seus padrões cardiorrespiratórios e de ondas cerebrais se sincronizam, mostrou a pesquisa.
O novo estudo, co-escrito com a professora da Universidade de Haifa, Simone Shamay-Tsoory, e com o professor assistente Irit Weissman-Fogel, é o primeiro a explorar a sincronização interpessoal no contexto da dor e do toque.
Os autores levantaram esta discussão enquanto os profissionais de saúde procuram opções de alívio da dor sem opióides. Goldstein surgiu com a idéia depois de testemunhar o nascimento de sua filha, agora com 4 anos.
“Minha esposa estava com dor e tudo que eu conseguia pensar era: ‘O que posso fazer para ajudá-la?’ Peguei a mão dela e pareceu ajudar ”, lembra ele. “então quis estudar em laboratório: se realmente era possível diminuir a dor com o toque e, em caso afirmativo, como?”
Goldstein recrutou 22 casais heterossexuais que já convivem a um “certo” tempo, com idade entre 23 e 32 anos, e os fez passar por uma série de testes em um cenário que imitava uma da sala de parto.
Aos homens foi atribuído o papel de observar as mulheres com dor. Enquanto os aparelhos monitoravam a respiração e batimentos cardíacos. Então eles se sentavam juntos, mais sem se tocar; depois sentados juntos de mãos dadas; ou sentados em quartos separados. Então eles repetiram os três cenários enquanto a mulher era submetida a uma leve dor de calor no antebraço por 2 minutos.
O estudo mostrou que os casais fisiologicamente sincronizados em algum grau mesmo sentados juntos não conseguiam identifica/ler nada. Mas quando eram autorizados a segurar a mão dela, suas taxas caíam em sincronia novamente e a dor diminuía.
“Parece que a dor interrompe totalmente essa sincronização interpessoal entre casais”, disse Goldstein. “O toque traz de volta.”
A pesquisa anterior de Goldstein descobriu que quanto mais empatia o homem mostrava pela mulher (medida em outros testes), mais a dor diminuía durante o toque. Quanto mais fisiologicamente sincronizados eles eram, menos dor ela sentia.
Vale ressaltar que ainda não está claro se a diminuição da dor está causando aumento da sincronicidade ou vice-versa. Então “pode ser que o toque seja uma ferramenta para comunicar empatia, resultando em um efeito analgésico “, disse Goldstein.
Mais pesquisas são necessárias para descobrir como o toque do parceiro diminui a dor. Goldstein suspeita que a sincronização interpessoal pode desempenhar o papel,em uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior, que está associada à percepção da dor, empatia e função cardíaca e respiratória.
O estudo não explorou se o mesmo efeito ocorreria com casais do mesmo sexo, ou o que acontece quando o homem é sujeito à dor. Goldstein mediu a atividade das ondas cerebrais e planeja apresentar esses resultados em um estudo futuro. Ele espera que a pesquisa ajude a dar credibilidade científica à noção de que o toque pode aliviar a dor.
Por enquanto, ele tem apenas um conselhos para os casais: Esteja pronto e disponível para segurar a mão da sua parceira num momento de dor.